APSF

O que é a Serra Fina

A Serra Fina não é uma área de propriedade pública e sim, um grande mosaico de propriedades privadas, que propiciam o uso público controlado, e sempre contou com o esforço de preservação individual de seus proprietários que assumiram o compromisso de preservação e conservação,sendo que muitos deles assumiram o compromisso de preservação e conservação, de forma perpétua, através da criação de várias Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs), em todo o maciço.

Até os anos 2000 a Serra Fina era praticamente inacessível e recebia anualmente menos do que 20 pessoas, verdadeiros amantes da natureza e pioneiros no estabelecimento de suas trilhas de acesso. A partir da expedição que fez uma nova medição da altitude da Pedra da Mina, que confirmou-a como sendo o maior pico do Sudeste brasileiro e cume da Serra da Mantiqueira, com seus 2.789 metros, alcançando o quarto lugar na lista dos mais altos picos do país e ficando à frente do pico das Agulhas Negras, houve uma ampla divulgação desta descoberta geográfica, que foi amplamente divulgada pela mídia. Desde então, este fato atraiu um número cada vez maior de montanhistas e visitantes, culminando com cerca de 3 (três) mil pessoas registradas, em 2019, conforme dados coletados do Livro do Cume.

Esse número elevado de visitantes, sem nenhum ordenamento e controle, não era condizente com a capacidade de carga das trilhas, e os resultados foram desastrosos para o meio ambiente, causaram inúmeros impactos ambientais e vários problemas para todo o Maciço da Serra Fina, afetando toda a biodiversidade dos seus ecossistemas de montanha, que precisavam de uma maior proteção e controle.

Todo esse descontrole culminou, em julho de 2020, com um incêndio de grandes proporções, iniciado por uma fogueira de autoria desconhecida, que atingiu uma extensa área de cerca de 588 hectares das áreas das Cristas da Serra Fina, segundo levantamento de pesquisadores do LASA da UFRJ. O incêndio mobilizou um grande número de voluntários, brigadistas, montanhistas, guias, e também contou com o apoio da Força Aérea Brasileira, Exército, Corpo de Bombeiros e Polícias Militares de São Paulo e Minas Gerais, da Fundação Florestal (SP), do ICMBio e APASM, além dos proprietários rurais, num esforço conjunto e heroico para debelar todo o fogo, que durou cerca de 07 (sete) dias. Grande parte da vegetação rara e singular característica e endêmica dos campos de altitude foi afetada acarretando riscos de sobrevivência e manutenção da fauna e flora presentes. O fogo chegou também a nascente do Rio Claro na RPPN Pedra da Mina, fase sul paulista da Serra Fina, atingida em sua parte alta, área de grande biodiversidade com seus ecossistemas de montanha, tendo cerca de 61 hectares queimados.

Para permitir a recuperação e regeneração ambiental do Maciço da Serra Fina, em sua área atingida pelo incêndio, ficou proibido o acesso de pessoas a suas trilhas, através de Decretos Municipais emitidos pelas prefeituras das cidades de Passa Quatro, Itanhandu e Itamonte do lado mineiro, e, Queluz e Lavrinhas, do lado paulista, municípios estes que abrangem todas as trilhas de acesso às Cristas da Serra Fina por um período de 10 (dez) meses, posteriormente prorrogado por mais 01 (um) ano, a pedido do ICMBio e dos proprietários rurais.

Mas, todos esses acontecimentos recentes, exigiram um esforço maior de organização dos proprietários rurais, que constituíram a Associação dos Proprietários da Serra Fina -APSF, com o objetivo de proteger todo o território compreendido no limite de suas propriedades e  regulamentar o trânsito de pessoas pelas trilhas, bem como estabelecer uma estratégia de gestão territorial conjunta, que vise a conservação de toda a riqueza e diversidade socioambiental presente, sempre em parceria com os órgãos ambientais, de forma eficaz e necessária, com o devido respeito que a Serra Fina merece.

Da mesma forma é imprescindível que todos os visitantes assumam também uma nova postura em relação à realidade atual da Serra Fina, com a consciência ambiental necessária para uso dos ambientes de montanha, garantindo sua regeneração e conservação, com respeito às boas práticas ambientais e regras de visitação. O engajamento de todos é muito importante e com certeza evitará que outros desastres possam se repetir e que a Serra Fina continue compartilhando suas riquezas, sua rara biodiversidade, a beleza cênica de suas montanhas, as águas que produz e seus atrativos turísticos, para todos que tiverem vontade de conhecê-la, estudá-la e conservá-la.

       Objetivos primordiais da APSF:

 

  1. Promover a proteção dos ambientes naturais de todo o maciço da Serra Fina em suas cristas e cumes da Serra da Mantiqueira;
  2. Apoiar a proteção e a recuperação dos ambientes e sua biodiversidade;
  3. Promover a proteção das nascentes, os mananciais de água e seus percursos;
  4. Promover a proteção à biodiversidade existente no maciço da Serra Fina, Pedra da Mina e demais áreas de importância ecológica;
  5. Promover a proteção das características relevantes de natureza geológica e geomorfológica da região;
  6. Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza, objetivando ações de Mínimo Impacto;
  7. Promover a regulamentação de entrada nos acessos e no uso das trilhas que atingem ao maciço da Serra Fina e a Pedra da Mina, cume da Serra da Mantiqueira, sempre com o objetivo de conservação do frágil ecossistema local;
  8. Promover, através do desenvolvimento de diretrizes e de boas práticas, a utilização ambientalmente, economicamente e socialmente sustentável das trilhas e acampamentos, incluindo a entrada e trânsito de pessoas, manejo, sinalização, segurança e experiência dos usuários;
  9. Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza, no processo de desenvolvimento sustentável da região;
  10.  Promover a educação, interpretação ambiental e o turismo eco pedagógico;
  11. Promover meios e incentivos para atividades científicas e monitoramento ambiental da Serra Fina;
  12. Promover e valorizar econômica e socialmente a população da região;
  13. Proteger e resguardar o direito de propriedade de todos os associados, conforme o disposto no Artigo 5°, Inciso XXII da Constituição Federal;
  14. Promover e trabalhar na divulgação e incentivo aos proprietários de terras, para a criação de um mosaico de RPPNs – Reservas Particulares do Patrimônio Natural, fomentando a criação destas Unidades de Conservação, para na prática, promoverem a proteção integral da biodiversidade do maciço da Serra Fina e da Pedra da Mina, cume da Serra da Mantiqueira, e seus campos de altitude;
  15. Promover ações de manejo nas trilhas, bem como sua sinalização e segurança, definição das áreas de camping e número máximo de visitantes e outras que se fizerem necessárias, se articulando, através de convênios e acordos de cooperação junto a entidades públicas, privadas, e outros que tenham como objetivo a conservação do maciço da Serra Fina;
  16. Criar mecanismos que visem facilitar a comunicação com os órgãos ambientais e de fiscalização nas diferentes esferas de governo (municipal, estadual e federal), bem como, com a população da região com vistas a apoiar as ações de conservação e controle na área de sua atuação;

Leia também:

.